Escritora e ativista mestiça e lésbica que lutou pela igualdade
A jornalista e escritora portuguesa Virgínia Quaresma foi uma das primeiras mulheres a exercer a profissão de jornalista em Portugal. Numa época de grande discriminação, viveu a sua vida abertamente como lésbica e foi uma figura importante no movimento feminista em Portugal.
Foi uma das primeiras mulheres a licenciar-se em Letras em Portugal. Ela é conhecida pela sua contribuição para o desenvolvimento do jornalismo moderno e do ativismo por uma variedade de causas sociais e políticas.
Vida familiar
Nasceu na cidade alentejana de Elvas em 1882, sendo a mais nova de três filhos. O pai era um oficial do exército e a mãe era uma trabalhadora doméstica, descendente de pessoas escravizadas da África.
Educada ao lado dos irmãos, aos 18 anos, Quaresma começou a estudar no curso de Educação em Lisboa e, mais tarde, estudou Letras na Universidade de Lisboa.
Carreira periodística
Ela seguiu a carreira de jornalismo.
A partir de 1900, começou a publicar cada vez mais artigos sobre questões femininas, como o sufrágio, o acesso ao divórcio e a igualdade de remuneração e profissões.
Virgínia Quaresma era o tipo de jornalista que ia ao encontro das notícias.
Em vez de ficar num gabinete, deslocava-se aos locais onde decorriam os acontecimentos para entrevistar pessoas e recolher informações. Isto parece comum hoje em dia, mas era uma novidade na imprensa portuguesa e brasileira da época.
No virar do século, Quaresma estava entre as principais feministas de Portugal. Trabalhou para revistas feministas como O Mundo-Jornal da Mulher, defendendo a igualdade de direitos em todas as esferas da sociedade. Escreveu para a revista Sociedade Futura
Em 1907, tornou-se editora da revista Alma Feminina, focada especificamente ao público feminino.
Vários anos depois, foi nomeada para uma comissão pública para estudar a educação feminina na França, Itália, Suíça e Alemanha.
Brasil
Em meados dos anos 10, juntamente com a sua parceira Maria da Cunha, mudou-se para o Brasil, expandindo a sua carreira de jornalista para dois países e continentes.
Regressou do Brasil em 1915. No entanto, na década de 1930, quando o regime ditadura do Estado Novo começou em Portugal, Quaresma estava numa relação com Maria Luiza Vallat da Silva Passos. Virgínia e Maria decidiram mudar-se para o Rio de Janeiro em 1933.
Virgínia voltou a Portugal na década de 1960, onde continuou a escrever.
Virgínia Quaresma morreu em 1973, e hoje é relembrada como uma das primeiras figuras de feminismo e jornalismo em Portugal e no Brasil, tendo seu nome em ruas, prémios e sua imagem em selos.
Este blogue foi atualizado em dezembro de 2023 com informações baseadas na nova investigação do Professor Eduardo da Cruz e Professora Andreia Castro, ambos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).